Cansado de levar surra, o
Corinthians resolve fazer uma reformulação no elenco. Para o Paulistão, o
técnico Jair Pereira apostou em pratas da casa como o goleiro Ronaldo, o
zagueiro Marcelo, o volante Márcio e os atacantes Marcos Roberto e Viola.
Primeira Fase
Durante o torneio, Carlos e
Edmar foram vendidos para a Europa. Com isso, as vagas para os ex-juniores
aumentaram. Em campo, a equipe, apesar de jovem, mostrava coragem. No final da
primeira fase, foi a São José do Rio Preto enfrentar o América. Se perdesse,
cairia num grupo teoricamente mais fraco, com as equipes do interior: São José,
Internacional e XV de Jaú. Do contrário, ficaria com São Paulo, Palmeiras e
Santos, num grupo de onde apenas um seguiria adiante.
Sem medo, o Timão empatou o
jogo em 1 a 1 e foi disputar a vaga
contra os grandes.
Segunda Fase
O primeiro jogo foi contra o São Paulo e terminou empatado
em 2 a 2. No segundo, um pacato 0 a 0 contra o Palmeiras.
A única vitória no primeiro turno foi contra o Santos, 3 a 2.
O returno não foi muito diferente. Com outro empate diante do São Paulo (1 a 1), outro empate em 0 a 0
com o Palmeiras e outra vitória sobre o Santos por 2 a 0, o Timão garantiu a vaga para ir final.
Final
Faltava agora passar pelo Guarani, de Ricardo Rocha, Paulo
Isidoro, Boiadeiro, Neto, Evair e João Paulo, lá em Campinas.
No primeiro jogo, 1 a 1, no
Morumbi, com um gol do lateral-direito Édson (para o Timão) e outro de Neto
(para o Guarani), de bicicleta, em Ronaldo, a partida terminou empatada. No
próximo jogo, dia 31 de julho, o Guarani precisava apenas de um empate no tempo
normal e na prorrogação para se sagrar campeão. Tarefa fácil... se não
estivesse jogando contra o Corinthians.
O jogo foi realizado no
Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. Sem Edmar e depois sem Marcos
Roberto, lesionado, o Timão teve que escalar o jovem Viola, que nunca tinha
entrado na equipe como titular.
Durante os 90 minutos, o
Corinthians suportou a pressão do bugre, segurou o 0 a 0 e foi para a
prorrogação tentar seu 20º título paulista.
Eram jogados 5 minutos,
quando o zagueiro Marcelo arrancou para o ataque e tocou a bola para Wilson
Mano. O volante tentou chutar em gol, pegou mal na bola e acabou fazendo um
cruzamento. Viola, que sentia cãibras, deu um carrinho e fez o gol do título.
Festa da Fiel em Campinas. No ano do Centenário da Abolição dos Escravos,
Viola, o único negro da equipe, deu o título para o Corinthians. Tornou-se
ídolo da noite para o dia.
“ Naquela final contra o Guarani eu tinha a missão
de fazer o gol do título paulista. Por isso, fui à campo preparado com duas
camisas. E foi o que aconteceu. Assim que fiz o gol, corri para aquela
fantástica torcida que tinha ido à Campinas e dei a ela a camisa 9.
Profissionalmente, aquele foi um dos momentos mais importantes da minha carreira. O título daquele Paulistão eu só
comparo com a conquista do tetracampeonato mundial da seleção, em 1994.”
O artilheiro do campeonato foi Edmar, com 18 gols.
Esse título mostrou
que o Corinthians é predestinado a ganhar títulos em anos de centenários, como
já tinha acontecido em 1922 (Centenário da Independência) e em 1954 (IV
Centenário de São Paulo).
Em pé: Biro-Biro, Denílson, Viola, Márcio, Ronaldo, Dida, Édson, João Paulo, Paulinho Carioca, Éverto e Marcelo.