1913
Na condição de popular e um dos grandes da várzea paulistana, o clube se viu na
obrigação de crescer cada vez mais. Faltava, então, se filiar na Apea
(Associação Paulistana de Esportes Atléticos) ou na Liga Paulista.
Naquela época, Apenas os clubes da elite faziam
parte dessas associações do futebol paulista. Do lado da Apea estavam
grandes como o Paulistano, A. A. Palmeiras, o Mackenzie e o Ipiranga. Já
do lado da Liga Paulista faziam parte Americano, Germânico e
Internacional.
O Corinthians pleiteava uma vaga junto à
LPF, mas os inimigos do Timão estavam dispostos a não deixar o clube
ingressar na divisão principal. Inúmeros obstáculos foram colocados a
frente da gente corintiana no intuito de desanimá-la. Mas a gente
alvinegra insistia com todas as suas forças. De nada adiantaram a idéia
de querer acabar, de uma vez, com a persistência dos alvinegros.
Idealizaram, então, uma eliminatória, certos de que o Corinthians não
passaria por ela. Puseram dois grandes times adversários: Minas Gerais
F. C. e São Paulo Sport Club.
E esses dois times foram indicados para
enfrentar o Corinthians, numa eliminatória bem preparada para acabar de
uma só vez, com as pretensões do Timão, pois ninguém, a não ser os
próprios corintianos, acreditava nas possibilidades sequer de uma
vitória do Corinthians. Foi tal a pressão e a guerra de nervos, que os
próprios corintianos passaram a temer a histórica eliminatória.
Houve um sorteio para se ver qual seria o
primeiro adversário do Timão. Quis a sorte que enfrentasse o Minas
Gerais. Os inimigos do Corinthians sorriam satisfeitos e afirmavam que o
Minas eliminaria o quadro dos operários, impondo-lhes uma surra
inesquecível. A seguir, caberia ao Minas jogar com o São Paulo, já na
festa de confraternização pela eliminação do clube corintiano.
Quando o Corinthians entrou em campo, em 23 de março, para a
batalha contra o Minas Gerais, estavam com os nervos a flor da pele,
cansados de ouvirem tamanha humilhação. Começou o jogo. A torcida estava
em suspense. No começo, só deu Minas, mas depois, o Corinthians começou
a se impor e não demorou para tomar conta do jogo. Todo o time passou a
funcionar como uma máquina, fazendo surgir um gol espetacular, nos pés
de Joaquim Rodrigues, que fez o povo corintiano vibrar. Aquele 1 x 0
permaneceu até o final do jogo, para desespero de todos os inimigos do
time do povo. Não fosse o nervosismo dos corintianos, teriam ganho de
muito mais. Mas isso é o de menos, o que interessava era a vitória. Um
passo já havia dado. Faltava o outro.
30 de março. Ganhar do São Paulo Sport Club, era uma
tarefa difícil, mas não impossível. Era a grande batalha que iria
decidir toda a sorte corintiana. Uma vitória seria a realização de um
sonho.
Diante do ambiente que se criara em torno
dessa partida, da responsabilidade que ela representava para ambos os
lados, os dirigentes, os torcedores e os jogadores são-paulinos acabaram
ficando com medo.
O jogo foi iniciado sob grande nervosismo
das torcidas. Logo aos primeiros minutos, os corintianos passaram a
demonstrar possuir mais categoria técnica e uma equipe superior.
Surgiu o gol do Corinthians! Fabi foi o seu
autor. Delírio dos alvinegros! Surgiu o segundo! Novamente Fabi!
Começava então a grande festa do Timão. O terceiro gol não se fez
esperar. Péres foi quem marcou desta vez! Antes da partida terminar, o
Corinthians fez a bola dormir no fundo da rede mais uma vez! 4 x 0 Timão! Campanella
era o herói!
Logo depois, o juiz apitava o fim do jogo, para delírio da
torcida corintiana presente. Os jogadores choravam nos braços da
torcida. Foi assim que o Corinthians entrou na Liga Paulista de futebol, em 1913.
Ver "Jogos históricos - A ingressão na Liga Paulista (1913)
A participação do clube em seu primeiro campeonato, porém, não
foi das melhores. A campanha começou em 20 de abril, com uma derrota por 3 a 1
para o Germânia, no Parque Antárctica. Pior ainda foi o terceiro jogo, um mês
depois, contra o Americano: derrota por 7 a 1.
A primeira vitória só ocorreu no dia 7 de setembro:
2 a 0 em cima do Germânia, gols de Amílcar e Joaquim. Em nove jogos, o Timão
venceu apenas um, empatou quatro e perdeu quatro, terminando na quarta colocação,
num torneio disputado por seis times.
1914
Em 1914, quatro anos depois de sua fundação, o Timão faz história e ganha seu primeiro título paulista!
(ver "Títulos - Campeão Paulista de 1914").
Neste mesmo ano, o Corinthians realizou o seu
primeiro jogo internacional, contra o Torino. O time italiano goleou todos os seus adversários, até chegar no Coringão.
No dia 15 de agosto, no Parque Antárctica, vitória do time italiano por 3 a 0. Na revanche, uma semana depois, outra vitória do Torino, pelo placar apertado de 2 x 1, graças a um gol irregular.
Tais atuações históricas do Corinthians rendeu a seguinte frase do técnico do Torino, Vittorio Pozzo (futuro técnico bicampeão do Mundo com a Itália, em 1934 e 38) disse: "O Corinthians pode ir à Europa e enfrentar, sem receio, qualquer dos times de lá".
Ver "Jogos históricos - Corinthians 0 x 3 Torino - O primeiro jogo internacional (1914)
1915
Em 1915, por divergências políticas, o Corinthians saiu da LPF para disputar o campeonato da elite, a APEA.
Mas a sua inscrição foi vetada. O clube tentou voltar para a LPF, mas também recebeu "não" como resposta.
Assim, o clube acabou não disputando nenhum campeonato, apenas amistosos.
E foi neste contexto que surgiu a camisa preta com listras brancas.
A primeira vez que o Timão entrou em campo com o tradicional uniforme foi no dia 14 de fevereiro daquele ano, na vitória por 2 x 1 sobre o Caçapavense. A medida foi uma forma de protesto contra a
Liga Paulista, que impediu o Corinthians de atuar na liga por ter um jogador negro.
Ver "Curiosidades - Uniforme.
Nos amistosos que disputou, o Corinthians mostrou toda a sua força: em
1º de maio, enfrentou o A. A. Palmeiras (não confundir com o atual Palmeiras) e
venceu por 3 a 0, no antigo campo do Velódromo, na rua da Consolação. Os gols
do Corinthians foram de Neco, Aparício e Américo.
As vitórias em amistosos se sucediam: 5 a 0 sobre os
Wanderers, 4 a 1 sobre o Ideal Club, 2 a 0 em cima do Guarani... o prestígio do
Corinthians só aumentava, mas ele não
podia disputar nenhum campeonato. Por isso, o campeão de 1914 emprestou seus
jogadores para outros clubes da Apea, para que eles não ficassem muito tempo
parados. Neco, Casemiro, César e Bianco foram para o Mackenzie; Bororó,
Aparício, Fúlvio, Péres e Amílcar saíram para o Ipiranga e Police, para o
Wanderers.
1916
Em 1916, o Corinthians volta a participar do Campeonato Paulista da LPF. E ganha novamente. E como em 1914, invicto!
(ver "Títulos - Campeão Paulista de 1916").
1917 e 1918
Nesses dois anos, o Corinthians fez boas campanhas no Paulistão, mas não conseguiu o título.
Com a unificação das ligas
paulistas, o alvinegro disputou o Campeonato Paulista de 17 contra todos os grandes times: Paulistano, Palestra
Itália, Santos, Internacional, Mackenzie, Ipiranga, A. A. das Palmeiras e São
Bento. Era um dos favoritos, mas logo numa das primeiras rodadas foi
surpreendido por um clube jovem: o Palestra Itália, que venceu por 3 a 0.
Era o
início de uma grande rivalidade. O Corinthians terminaria o campeonato daquele
ano apenas em quarto.
Em 1918, perdeu por um ponto
para o Paulistano, num campeonato estragado pela epidemia de gripe espanhola,
que interrompeu a competição por dois meses.
Nesse ano, aliás, o Corinthians começou a jogar em seu primeiro estádio: a Ponte Grande.
Era considerado um dos melhores da época e fica ao lado de outro famoso campo: o Floresta.
O Timão jogou na Ponte Grande até 1927, quando se mudou para onde permanece até hoje: o Parque São Jorge.
Ver "Curiosidades - As nossas "Casas".
Também em 1918, o primeiro jogo fora do estado: vitória por 2 x 1 sobre o Flamengo, na Rua Paysandu, no dia 01 de dezembro.
Ver "Jogos históricos - Corinthians 2 x 1 Flamengo - O primeiro jogo fora do Estado de São Paulo (1918)
1919
Em 1919, não só o
Corinthians não conseguiu o título, como ficou só em terceiro lugar, atrás do
Palestra. O consolo foi ter vencido o rival por 1 a 0, no Parque Antárctica.
A única coisa de boa naquele
ano foi o título do primeiro Torneio Início, que era disputado em um só dia, em
partidas eliminatórias que duram poucos minutos. Caso o jogo terminasse
empatado, o time que tivesse mais escanteios a favor, ganhava a partida.
1920 e 1921
Nos anos de 1920 e 21 o Timão obteve campanhas boas, mas nenhum
título. O único jogo que merece destaque neste período foi contra o Santos, válido pelo Campeonato Paulista de 1920.
Foi a maior goleada aplicada pelo Corinthians até hoje: 11 a 0, no dia 11 de julho de 1920, em plena Vila Belmiro.
Ver "Jogos Históricos - Corinthians 11 x 0 Santos - A maior goleada (1920).
1922, 1923 e 1924
Em 1922, no dia 9 de julho, o Timão conquistou um dos mais belos troféus de sua história.
Corinthians x Palestra Itália disputaram a Taça Cântara Portugália, o mais rico troféu posto em disputa
até então, todo de prata. Foi oferecido pelo português Ricardo Severo, em homanegem aos compatriotas
Carlos Viegas Gago Coutinho e Artur Freire Sacadura Cabral, que dias antes realizaram a primeira viagem aérea entre
Europa e América do Sul. O placar foi de 2 x 0 para o Timão.

A Taça Cântara Portugália
(Foto: Arquivo Victor Hugo)
E foi também em 1922 que o Timão conquistou o Campeonato Paulista do Centenário da Independência, dando início ao seu primeiro Tricampeonato Paulista.
1925, 1926 e 1927
Depois do tri, entre 1925 e 1927, nada de títulos.
Desses anos, o que o Timão guarda de melhor é a aquisição de um terreno no Parque São
Jorge, de 45 mil m², comprado por intermédio de seu presidente, Ernesto
Cassano, por 750 contos de réis, em 1926.
Em 1927, um fato interessante: o Corinthians começa a disputar o Campeonato Paulista da LAF, mas após cinco rodadas, abandona o Campeonato e
vai disputar o Campeonato da APEA.
Ver "Curiosidades - As nossas "Casas".
A inauguração da Fazendinha aconteceu no dia 22 de julho de 1928, em um amistoso contra o América do Rio.
O jogo terminou 2 x 2. O Corinthians cedeu a Taça Valda ao time carioca, enquanto o Timão ficou com a taça de bronze
Char de le Victoire.

A bela taça que simboliza a inauguração da Fazendinha
(Foto: Arquivo Victor Hugo)
Ver "Jogos Históricos - Corinthians 2 x 2 América RJ - A inauguração da Fazendinha (1928).
1928, 1929 e 1930
Se o Timão ficou três anos no jejum, nos próximos três repetiu o feito anterior e faturou o
segundo Tricampeonato Paulista.
Em 1929, o Corinthians consegue a sua primeira vitória internacional, contra o Barracas, da Argentina. No dia 1º de maio, em um amistodo disputado
no Parque São Jorge, o Timão venceu por 3 x 1, gols de Apparício, Rodrigues e Rato. Diz a lenda esportiva que foi nesse jogo que o Corinthians ganhou o
apelido de Mosqueteiro. Tomás Mazzoni, do jornal "A Gazeta", vibrou com a fibra de mosqueteiros com que os jogadores do Timão jogaram aquele certame.
Ver "Jogos Históricos - Corinthians 3 x 1 Barracas (ARG) - A primeira vitória internacional (1929).
No dia 4 de julho do mesmo ano, o Corinthians enfrentou o Chelsea pela primeira vez na história, em jogo amistoso no Parque Antarctica. O jogo terminou empatado em 4 x 4.
Os dois times só voltariam a se enfrentar 83 anos depois, na decisão do Mundial de Clubes de 2012. Coincidentemente, foi também em um 4 de julho, em 2012, que o Corinthians conquistou
a sua primeira Libertadores e o direito de enfrentar o time inglês no Mundial.
No início em 1930, um dos momentos mais emblemáticos da história do Corinthians. Campeão Paulista, o Corinthians disputa com Vasco, campeão Carioca, a chamada Taça APEA.
O primeiro jogo, disputado na Fazendinha no dia 16 de fevereiro, vitória do Timão por 4 x 2.
No segundo jogo, dia 23, o Timão perdia para o Vasco por 2 x 0 até os 27 minutos do 2º tempo. Mas o Corinthians fez juz a sua história e virou o jogo para
3 x 2, ganhando o troféu que deu status ao Coringão de "Campeão dos Campeões", que dura até hoje e foi parar até no hino oficial do clube.

O Campeão dos Campeões
(Foto: Arquivo Victor Hugo)
Ver "Jogos históricos - Corinthians 3 x 2 Vasco - O "Campeão dos Campeões" (1930)
1931, 1932, 1933, 1934, 1935 e 1936
Com a saída dos principais
craques do tri, o Corinthians sofreu um abalo e demorou para se reerguer. Em
1931, Tuffy parou de jogar. Foram para a Itália Rato, De Maria, Del Debbio e
Filó, o primeiro brasileiro a ser campeão do mundo, quando venceu a Copa de
1934, com a seleção italiana.
Com o time desmantelado, o
Corinthians teve dificuldades para se renovar. Foi sexto colocado em 1931,
quinto em 1932, quarto em 1933 e 1934, terceiro em 1935.
A renovação do elenco foi
inevitável. Com uma nova geração, o clube alvinegro voltou a se fortalecer,
chegando à decisão de 1936, contra o Palestra. Perdeu, mas mostrou novos e bons
nomes, como Jaú, Jango, Brandão, Lopes, Teleco.Além disso, Filó e Rato voltaram ao clube.
1937, 1938 e 1939
Com a nova safra do ano anterior, o Timão conseguiu um feito que demorou 73 anos para ser igualado (pelo Santos, em 2012): o
terceiro Tricampeonato Paulista.
1940 à 1954: O ataque dos 100 gols